Quinta, 30 de Dezembro de 2010

Controle da gripe A, combate à dengue e novos equipamentos

A longa e bem-sucedida campanha de vacinação contra a segunda onda da gripe A / H1N1, que acabou não se confirmando, foi um dos destaques da área da saúde em Curitiba em 2010. Em praticamente cinco meses de trabalho, as equipes das unidades de saúde imunizaram cerca de 1,2 milhão de curitibanos pertencentes aos grupos mais vulneráveis à doença – 300 mil a mais que o previsto no início da ação, em março. A ação terminou em meados de agosto, no dia da segunda etapa da vacinação contra a poliomielite.
"O resultado refletiu o esclarecimento da população-alvo da ação sobre a doença e o empenho dos auxiliares de enfermagem e enfermeiros encarregados de aplicar a vacina", diz o prefeito Luciano Ducci. Em várias ocasiões, para acelerar o cumprimento da meta no segmento de 20 a 39 anos - mais lento na busca pela vacina - os profissionais chegaram a trabalhar nos fins de semana.
Para a secretária municipal da Saúde, Eliane Chomatas, o esforço valeu a pena. "Ao mesmo tempo em que oferecemos a vacina, passamos o inverno lembrando as pessoas sobre a necessidade de usar lenços descartáveis para aparar espirro e tosse, lavar as mãos sempre e manter os ambientes ventilados. Isso se mostrou muito útil para reduzir a incidência de outras doenças de transmissão aérea”, recorda Eliane.
Diferente de 2009, quando foram notificados 16 mil casos e confirmados 49 óbitos de residentes em Curitiba, 2010 termina com apenas quatro casos confirmados laboratorialmente e nenhuma morte. Além disso, o Comitê Municipal de Prevenção e Controle da Gripe A virou Comitê de Respostas às Emergências em Saúde Pública (Comeresp).
Com representatividade e finalidade ampliadas, o novo comitê fará o acompanhamento das emergências epidemiológicas decorrentes de infecções e desastres naturais, entre outras situações de risco para a saúde coletiva. 
Dengue na mira - Assim como passou incólume pela gripe A, Curitiba seguiu livre da dengue - apesar de registrar um número muito maior de focos e de casos importados da doença devido à intensidade das chuvas e ao avanço do Aedes aegypti no Brasil, inclusive no interior do Paraná. Se em 2009 ocorreram 37 focos e 6 casos importados, em 2010 as estatísticas subiram para 64 focos e 73 casos importados.
A explicação para Curitiba continuar sem casos locais é o trabalho permanente de busca ativa de focos pelos agentes da dengue, inclusive no inverno, e as ações de educação em saúde junto aos moradores. Os viajantes, que se arriscam a voltar doentes das áreas de risco, estão na mira do trabalho de conscientização feito pelo Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde a cada feriado prolongado. “Não é todo lugar que tem a sorte de ser como a nossa cidade, onde se contam focos e não casos locais da doença”, observa Eliane.
 Em 2010, a luta contra a dengue ganhou o apoio de cerca de 1,8 mil voluntários da terceira idade por meio do projeto Agente Master. Capacitados ao longo de uma gincana que mesclou informação, lazer, criatividade e busca ativa aos focos do inseto durante 5 meses, eles se tornaram multiplicadores de informação e receberam certificados durante uma cerimônia que contou com a presença do prefeito Luciano Ducci.
Equipamentos e serviços - O ano que está terminando também trouxe outras boas notícias para quem depende diretamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Entraram em funcionamento o Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM) Boa Vista, oitavo equipamento do gênero na cidade. Já as unidades de saúde Visitação (Regional Boqueirão) e Bairro Novo (Regional Bairro Novo) ganharam seus Espaços Saúde – as áreas de múltiplo uso que se prestam a reuniões e atividades de apoio terapêutico e de lazer destinadas à população residente na área de abrangência de cada uma.
Também passaram a ser oferecidas duas vacinas novas para bebês - a pneumocócica e a meningocócica “C”, até então disponíveis somente nas clínicas particulares. Nas maternidades do SUS, começou a ser ofertado o chamado “teste da orelhinha”, que verifica se os recém-nascidos estão ouvindo bem ou se precisam fazer testes mais específicos e ter acompanhamento especializado para corrigir a deficiência antes que ela interfira no desenvolvimento infantil.
Odontologia - Na área odontológica a novidade foi a introdução da sedação consciente por óxido nitroso. A técnica está disponível nos dois centros de especialidades odontológicas da Prefeitura. Aplicada por inalação, a substância sedativa torna o tratamento menos estressante para crianças, pessoas especiais e adultos inquietos ou com medo da intervenção, além de colaborar com o trabalho das equipes de saúde bucal.
O setor também participou da quarta pesquisa nacional de saúde bucal – a SB Brasil 2010, que envolveu 150 cidades brasileiras. Curitiba colaborou com 1,5 mil entrevistas, que ajudarão o Ministério da Saúde a traçar o mapa brasileiro da saúde bucal. Na última pesquisa, em 2003, a capital paranaense aparecia com um índice de dentes cariados, perdidos ou obturados (CPO-d) para a faixa etária 12 anos igual a 1,3 – um dos menores do Brasil.
Adolescência saudável - Os adolescentes ocuparam lugar de destaque em 2010. Foi por causa deles que a Secretaria Municipal da Saúde ganhou mais um prêmio: o Prêmio Município - Mundo de Boas Práticas de Prevenção, atribuído ao Ônibus do Programa Adolescente Saudável. A premiação foi anunciada no encerramento do VIII Congresso Brasileiro de Prevenção de DST e Aids e I Congresso Brasileiro de Hepatites Virais, em junho.
Eles também aderiram à Estratégia de Mobilização da Comunidade Escolar Contra o Tabagismo, que envolveu 56,5 mil estudantes de 72 escolas públicas preocupados em se manter longe da dependência química causada pelo cigarro e em atuar como multiplicadores de informação sobre o assunto. A ação foi desencadeada na Semana Nacional de Combate ao Fumo, em agosto. O encerramento aconteceu no começo de dezembro, no 5º Encontro de Protagonismo Juvenil, e menos de 15 dias depois de a Lei Municipal Antifumo completar 1 ano em vigor.
Tabagismo - Destinada a melhorar a qualidade de vida de adolescentes e adultos fumantes e não-fumantes, a Lei 13.254 / 2009 foi pretexto para ações de educação em saúde, como a Estratégia de Mobilização da Comunidade Escolar Contra o Tabagismo, e de 21 mil inspeções em ambientes fechados e de uso coletivo – locais onde é proibido fumar desde 19 de novembro de 2009. De todos esses locais, apenas 94 (0,45%) apresentaram irregularidades e precisaram ser autuados.
Para a secretária Eliane Chomatas, a lei teve uma boa acolhida da população em geral e dos responsáveis pelos estabelecimentos como shopping centers, supermercados, restaurantes, bares e lanchonetes por causa do trabalho de educação em saúde, feito anteriormente à vigência da lei.
O trabalho abordou os males do cigarro (como favorecimento do câncer de pulmão) e vantagens de não fumar (para a saúde respiratória, vitalidade da pele e recuperação do olfato). Entre as estratégias estiveram as audiências públicas e reuniões com os segmentos interessados.
Tuberculose - Relacionada à saúde respiratória, a atenção à tuberculose foi motivo de comemoração para Curitiba. Em maio, as ações locais para o diagnóstico precoce e o tratamento da doença foram destaque no IV Encontro Nacional e I Fórum Parceria Brasileira contra a TB. No encerramento do evento, o município recebeu do Ministério da Saúde um certificado por sua contribuição no setor nos anos 2007 e 2008.
 Curitiba foi uma das quatro capitais a ganhar o reconhecimento. A conquista deveu-se ao fato de a cidade dispor de estrutura descentralizada de atendimento dos casos suspeitos e pacientes em tratamento e também por cumprir, simultaneamente, as seis fases consideradas essenciais para a avaliação da eficiência local da ação: número de pacientes em tratamento supervisionado, encerramento dos casos dentro do prazo previsto para tratamento, pacientes submetidos a teste para detecção do vírus da aids, solicitação de cultura para casos de retratamento (e consequente monitoramento precoce da resistência bacteriana), taxa de abandono e cura. 
Iniciativas – Três novas ações foram incorporados pela Secretaria Municipal da Saúde em 2010. Entre eles está o Visacorp / Programa de Vigilância em Saúde Corporal, destinado a colocar de acordo com as exigências da legislação sanitária os salões de beleza, centros de estética, academias de ginástica e estúdios de tatuagem e piercing da cidade. A justificativa é que existem na cidade 2,7 mil estabelecimentos atuando nessas áreas e que precisam oferecer segurança tanto para quem é cliente quanto para os trabalhadores.
Na área de educação nutricional, entrou em circulação o Armazém da Família Curitibana – uma das estratégias de prevenção e promoção à saúde realizadas nos bairros a partir das unidades de saúde da Prefeitura. Trata-se de um conjunto de aproximadamente 70 réplicas de formas de apresentação dos alimentos usualmente oferecidos em supermercados, armazéns e mercearias. Simulando uma compra, o público entra no armazém, escolhe os produtos e, no final, avalia com nutricionistas o impacto das escolhas sobre a alimentação e inicia seu processo de reeducação alimentar.
Como estratégia-piloto de atenção ao idoso, entrou em operação o Atendimento Domiciliar em Saúde (ADS). É o embrião do serviço que, a partir de março, será um dos diferenciais do futuro Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns. O objetivo é ajustar seu funcionamento antes da inauguração do hospital e do início do atendimento aos idosos, no pós-alta, e de orientação dos seus cuidadores.
Também na área de atenção ao idoso, foi aprovada pela Câmara Municipal a criação da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (Feaes). A entidade será responsável pela administração do Hospital Zilda Arns. “A fundação será a garantia de agilidade na aquisição de insumos e contratação de profissionais de saúde, sem prejuízos para o hospital”, explicou a Secretária.