Terça, 12 de Abril de 2011
Mitos como o medo de sentir dor ou de ter vergonha de se submeter ao exame é uma das explicações para muitas mulheres com 50 anos ou mais residentes na cidade deixarem de fazer mamografia, que é oferecida gratuitamente, sem fila de espera, pelo programa Mulher Curitibana.
A conclusão faz parte da pesquisa realizada por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde com a Universidade do Alabama em Birmingham (UAB), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) e a Associação Amigas da Mama (AAMA). Os resultados do trabalho foram divulgados nesta terça-feira (12).
A pesquisa foi financiada pela Susan G. Komen for the Cure e coordenada pela professora da Divisão de Medicina Preventiva do Departamento de Medicina da UAB Isabel Scarinci, paranaense radicada há 22 anos nos Estados Unidos.
“A pesquisa mostra o que faz as mulheres não buscarem o exame, uma vez que em Curitiba não existem barreiras estruturais. Ao contrário, aqui existe a oportunidade de acesso à mamografia grátis para quem demandar”, disse a pesquisadora.
O trabalho é relevante porque, enquanto o câncer de mama é o primeiro tipo de neoplasia mais incidente entre as mulheres e também a primeira causa de morte nesse grupo, há oferta de sobra de mamografias pela rede pública de saúde de Curitiba. A oferta garantida pela Secretaria Municipal da Saúde é de 14 mil exames mensais para uma demanda de 7 mil.
Apesar disso, a procura pelo exame cresceu 32% dos três anos que antecederam a implantação do Mulher Curitibana, em comparação com 2010. Em números absolutos isso representa um crescimento de aproximadamente 53 mil exames por ano para 76 mil em 2010. O programa é voltado à saúde integral da mulher e parte do diagnóstico precoce do câncer de mama e está em vigor desde novembro de 2009.
Investigação - No primeiro momento, o estudo consistiu na aplicação de um questionário entre 546 mulheres presentes nas salas de espera de 61 unidades da rede municipal de saúde sobre a prática do auto-exame, acesso a exame clínico das mamas e mamografias, bem como barreiras e incentivos para fazê-los.
As mesmas perguntas foram direcionadas a outras 300 mulheres, residentes na área de abrangência de quatro unidades de saúde do Distrito CIC. Todas foram visitadas em casa, por agentes comunitárias treinadas para convidá-las a fazer a mamografia.
Em alguns casos, a abordagem foi acompanhada por acadêmicas de Psicologia e, em outros, por voluntárias que tiveram câncer de mama e reforçaram a importância do exame segundo a experiência pessoal de cada uma. Nos dois casos, as acompanhantes das agentes reforçavam a importância do exame para o diagnóstico precoce e cura.
Resultados - A análise dos dados mostrou que, se o nível de auto-cuidado com a saúde é maior entre as mulheres que demandam os serviços de saúde e foram abordadas nas salas de espera das unidades de atendimento, o estímulo ao agendamento e realização da mamografia cresce entre as foram abordadas em casa e ouviram a experiência pessoal de quem já teve câncer de mama.
“Isso mostra que a Secretaria Municipal da Saúde está no caminho certo quando, usando como pretexto a data do aniversário das pacientes a partir de 50 anos, vai até a casa delas oferecer o agendamento”, observa a diretora do Centro de Informação da SMS, Raquel Cubas. A oferta do exame é uma das estratégias adotadas pelo Mulher Curitibana.