Sábado, 28 de Agosto de 2010

Mais de mil pessoas participam do Dia de Combate ao Fumo na Boca

O número de pessoas que passaram pela tenda montada pela Secretaria Municipal da Saúde para ajudar as pessoas a deixar de fumar, nesta sexta-feira (27), dobrou com relação ao ano passado. A informação é do coordenador do Programa Municipal de Controle do Tabagismo, médico João Alberto Lopes Rodrigues.

Enquanto em 2009 cerca de 500 adultos de todas as idades se submeteram aos testes para verificar as condições respiratórias, dessa vez mais de mil tinham feito as avaliações antes do final da atividade.

A tenda funcionou na Boca Maldita, das 9h às 17h, para marcar o Dia Nacional de Combate ao Tabagismo (29 de agosto). O evento foi feito em parceria com hospitais ligados às universidades locais, Associação Médica do Paraná e Associação Paranaense Contra o Fumo. Além de oferecer os exames, técnicos de saúde esclareceram dúvidas da população, além de distribuir folhetos com dica e mudas de flores.
 
"Foi um sucesso que demonstra o quanto a nossa população está preocupada com os efeitos danosos do cigarro sobre a saúde", disse a secretária municipal da Saúde, Eliane Chomatas, que acompanhou as atividades na tenda durante o período da manhã.

Não-fumante, Eliane se submeteu à monoximetria, para se assegurar de que seus pulmões não contêm monóxido de carbono - uma das substâncias tóxicas presentes na fumaça do cigarro e que pode afetar fumantes passivos (pessoas que não fumam mas convivem com fumantes).
 
O servidor público Mário César Ribas aproveitou a hora do almoço, quando passava pela Boca Maldita, para chegar até a tenda, informar-se sobre o problema e submeter-se aos testes. "Estou incomodado porque sinto minha capacidade respiratória limitada por causa de algo cujo cheiro é desagradável para mim e, mesmo assim, eu uso porque me dá vontade", comentava Ribas, minutos antes de obter os resultados dos testes que acusaram uma Disfunção Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) média. Ele tem 43 anos, fuma há 25 anos somente em ambientes abertos e é o único da casa a manter o vício. A mulher e os dois filhos não fumam.
 
Ribas foi orientado pela médica Rosa Maria Chiamulera, que o aconselhou a se cadastrar na Unidade de Saúde Solitude, na Regional Cajuru - a mais próxima da casa dele e que conta com um dos 43 grupos de apoio estruturados pela Secretaria Municipal da Saúde para quem deseja parar de fumar.

O problema - O fumo é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão, 30% das mortes por câncer em geral, 25% das mortes por infarto do miocárdio, 85% das mortes por enfisema pulmonar e 25% das mortes por AVC (derrame). Doenças cardiovasculares e neoplasias são as principais causas de mortalidade geral, ficando entre 11% e 15% de todos os óbitos.

Apesar disso, segundo a pesquisa telefônica Vigitel 2009, feita pelo Ministério da Saúde por meio de 2.014 entrevistas com moradores da cidade, 19,3% dos curitibanos declaram fumar. Curitiba é a terceira capital do Brasil em que as pessoas mais fumam. A posição também é ocupada pelos homens curitibanos (23%). As curitibanas ficaram em quarto lugar, com 16%. Em compensação, no mesmo período, os curitibanos eram os menos afetados pelo fumo por colegas do ambiente de trabalho (fumo passivo, com 9,2%).

Outra preocupação é o que informa a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense). De acordo com o estudo, 35% dos estudantes entre 13 e 15 anos das redes pública e particular de ensino de Curitiba ouvidos na amostra afirmaram ter experimentado cigarro. "O percentual de experimentação entre os meninos foi de 33,3% e de 36,5% entre as meninas, o que revela que elas estão experimentando o cigarro mais do que os meninos", alerta o coordenador do Programa Municipal de Controle do Tabagismo, João Alberto Lopes Rodrigues.

Para enfrentar a questão, a Secretaria Municipal da Saúde lançou no começo desta semana a Estratégia de Mobilização da Comunidade Escolar Contra o Tabagismo. A ação visa contribuir para que os estudantes fiquem longe desse tipo de dependência química a partir do protagonismo coletivo de estudantes, professores e demais profissionais do setor. A princípio, a Estratégia está envolvendo 56 mil alunos das escolas públicas integrantes dos programas oficiais voltados para adolescentes.